domingo, 15 de novembro de 2009

Em duas.

Sou dividida em duas. Duas personalidades e temperamentos completamente distintos. Uma quando a solidão está por perto e, a outra, quando é você quem o faz.

A primeira é sempre quieta. Não se deixa levar por piadas ou sorrisos. Eles parecem fúteis demais! Não encontra algum motivo suficientemente bom para olhar para os lados antes de atravessar ruas e problemas. Não sabe rir. Desaprendeu quando perdeu quem amava. Precisa de ajuda para fechar os olhos. Mas, mesmo assim, quando os fecha, uma onda de pesadelos a atormenta, fazendo-a abri-los novamente.
Metade de mim é silêncio. Silêncio, nostalgia, dúvida e tristeza. Um mundo repleto de discórdia e sofrimento. Quando ela vem – essa metade tortuosa -, é preciso alguém muito cuidadoso e paciente para poder expulsá-la de mim.
Já a outra metade que há em mim, possui neurônios em forma de pequenos corações. A mera menção do seu nome a faz suspirar, e ela sai do rumo só para seguir sorrisos nas multidões porque eles lembram você, da sua capacidade de fazê-la sorrir. E, ao olhar tantas pessoas exibindo sorrisos flutuantes, ela se pergunta “Será que eles também tem um grande amor?”.
Essa metade de mim não considera nenhuma hipótese negativa. Ela confia em seu amor e o retribui até a última gota de esforço. Ela vê o amor de forma suave e sutil, e queria viver para sempre com pensamentos cantantes, ignorando todas as obviedades. Ela abre e fecha os olhos sem medo depois de sua voz, calmamente, atingi-la até o último vestígio de vazio, tornando-a, assim, alguém completo...Que não necessita de metade alguma.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

E então



"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza"
Caio F. Abreu
"E SE O BEM E O MAL
EXISTEM,
VOCÊ PODE ESCOLHER
É PRECISO
SABER VIVER"           

sábado, 7 de novembro de 2009

Sunny days.

Dias ensolarados. Sorrisos calmos. Mãos juntas, o afago na nunca, palavras sutilmente sussurradas. O beijo, o abraço, e mais sussurros se aproximam. Olhares de fazer cócegas e tirar o fôlego.

Sob um céu bonito e exibindo todo o seu azul e um Sol capaz de surpreender quem nunca esteve por perto, duas pessoas brincavam incansavelmente de ser feliz.
Nem a nuvem cinzenta e escura tomou conta de nosso céu, a chuva não apagou nosso Sol e nós aprendemos a pintar um arco-íris.
Meus dias nublados se tornaram ensolarados depois que surgiste.

"Sol de domingo
unindo dois corpos
Sol, chão, brilho e olhos..."
Barão Vermelho

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Muito Além das Palavras.

Em noites de calmaria intensa afogo-me com o som do silêncio. Paro, deito, fecho os olhos e ouço a noite a desenrolar-se. O Sol cheio de saudades de seu amado Céu contada à Via - Láctea entre lágrimas. O cochichar das estrelas. O glorioso mergulho de uma delas no mar. E a queda brusca de outra no chão. O despencar de mais uma, dançando no céu. A viagem ardente de um cometa. A vagarosa dança das nuvens sobre um céu negro. A serenata de amor do vento. O tic tac do relógio. O piscar dos olhos. A movimentada ansiedade da insônia. A respiração quente. A acelerada no coração.
Essas noites sempre me proporcionavam palavras de veludo faladas em tom baixo ao pé do ouvido. Nesse momento meu coração aperta-se de saudade, lembranças flutuam na memória, dançam palavras jamais esquecidas, com um gosto de ternura, um sobressalto na mente, um riso enfeitando o rosto, lágrimas transbordando os olhos - alegria costurada com abstinência -, e o vento que o tempo traz leva pra para longe tuas palavras de amor, e mesmo aquelas mais arrepiantes são arrastadas por ventos leves...
E então, outra lembrança real me areja a memória... Posso ver teus olhos cantando estrelas e teus lábios como um imã para os meus, desejando uma eternidade junto a ti, posso ver meus olhos nublados prontos para chover e um riso triste, de despedida.
Minhas maiores lembranças são os gestos. Os gestos, os toques, as mais detalhadas reações. Porque o vento é capaz de levar palavras, assim, soprando esquecimento. Adormeço ao som da música de silêncios, deliciada com o cheiro das lembranças dos teus gestos...
O que chamamos de amor jamais será palavra esquecida, distanciado por ventos, sejam eles fortes ou fracos. O meu amor por você sempre estará muito bem protegido, aqui dentro, de modo que nenhuma palavra o perca, para que o tempo não o desgaste.

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domingo, 25 de outubro de 2009

Pedidos e Confissões.

Olhe dentro de meus olhos em chamas
E tente apagar meu sofrimento insano
Cuja insistência vive a me chamar
Em tantas horas de sono,
caindo num poço profundo
Sufocado de discórdia e sensações de outro mundo.
Vive e me conte
o resto da história.
De novo estou a te olhar
E lhe coloquei na memória,
que é pra ver se na razão posso acreditar.
Julgue-me pelo tempo perdido
A espera, a demora, e o sentimento escondido
A ânsia de chegar, e finalmente brilhar
Depois de tanto tempo - e quanto!
de viver a imaginar.
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* Poesia feita há algum tempo para a aula de Língua Portuguesa. Eu diria que não é nada pessoal, somente alguns sentimentos escondidos que ficaram malucos e fugiram em forma de palavras.

sábado, 24 de outubro de 2009

Lembranças da Meia Noite.

Hoje eu estava recordando de algumas das muitas noites escuras e solitárias que passei há algum tempo atrás. Lembro-me que era uma quarta-feira, uma fria e nublada quarta-feira.
A insônia, sabendo a quantidade de poder que tem sobre mim, resolveu me dar descanso. Quem me acordou foram os arrepios. O frio cortava a minha pele de madrugada, fazendo-me levantar e rapidamente correr ao guarda roupas, à procura de algum cobertor – antialérgico, do jeito que gostas. Ao voltar cambaleando e sonolenta para cama, recebi o aquecimento que precisava – o físico, não o interior.
Alguns instantes depois, já havia sido embalada num sono profundo, deitada e presa, de forma carinhosa, nos braços de uma pessoa que era toda revestida em sonho. O local onde estávamos parecia ser um grande campo de flores grandes e cores vivas, que deixavam um cheiro doce e forte no ar.
Deitar nos braços de sonho me deixava completamente nostálgica. Porque, observando bem, eu estava sendo embalada num colo de mentira, fictício. Não poderia sentir o calor que sustenta corpo e corpo, não conseguia aconchego de verdade.
Durante muitas e muitas noites, me perguntava o porquê de me sentir tão sozinha. De ser tão sozinha. Desejava algo que fosse mais forte do que tudo o que me fazia mal e me tirava o sono, algo que fosse capaz de me deleitar de tal forma que espantasse tudo e qualquer coisa que me assombrasse. A parte corajosa de mim vivia à luz do dia...À noite, se escondia e me deixava ali, sozinha, medrosa. Eu não conseguia encontrar alguma saída.
Foi aí que vieste. Vieste feito susto e com toda uma onda de desconhecido na bagagem, e, ao me apresentar, descobri que todo aquele sofrimento não era tão em vão. Eu sofria, de fato. Mas todo esse sofrimento foi esvaindo-se quando cada palavra tua tocava meu ouvido com delicadeza e sutileza. Aos poucos, eu já me sentia nova de novo. Já não mais sentia medo, e, se tivesse que sonhar com campos floridos e braços em minha volta, esses seriam seus e de mais ninguém. Mesmo em sonho, sabia que seriam os mais reais se desejássemos e acreditássemos nesse amor que acabara de surgir. E acreditamos. E então, quando eu percebi, estavas a me abraçar. Tão forte, tão quente...Um escudo de tudo aquilo que desejasse se aproximar e tirar a felicidade que escorregava meu corpo, fazendo cócegas...E iluminava minha alma, me fazendo respirar sem doer um tantinho se quer...Pela primeira vez.

domingo, 18 de outubro de 2009

Carta I

" Dreamland (que agora se parece muito mais com Fearland), 18 de outubro de 2.009.

A você, bonita.

Estou tentando, há exatos dois dias, respondê-la da melhor forma que posso encontrar. Todas as minhas tentativas foram em vão. Se tem mesmo importância, eu quero dizer que isso é a coisa mais desconcertante do mundo. Mas de algum jeito eu sabia, sabia que quando tivesse de novo algo a dizer seria pra você. Nem que fosse só com palavras cobertas de silêncio, até o mais obscuro deles...
Desconcerta porque, em outras oportunidades, no passado, eu escreveria assim, à mão mesmo, páginas aos montes, até que a mesma reclamasse de cansaço e dor. Encheria de palavras doces, exatamente aquelas que te deixavam imobilizada, só com um sorriso-luz pra me lembrar que a vida é muito mais bela do que aparenta ser. Você me mostrou que uma pessoa – se for a pessoa correta -, é capaz de tornar e mudar o mundo interior de outra pessoa com uma facilidade enorme.
Por fim, entregaria pessoalmente, só pra você, num dos nossos esconderijos floridos – os de infância e os mais recentes -, num jeito de te dedicar o esforço em mim, mostrando que é só sua a compreensão de tudo o que a gente presenciou até aqui. Como se o que nós tivemos foi somente nosso e ponto final. Sem mais.
Desconcerta e aprisiona afirmar que não. Não, não posso te entregar minhas cartas pessoalmente. Não posso observar, atencioso, tuas reações de menina que acabara de ganhar uma boneca nova... De mulher que acabara de receber um novo vestido. Não posso olhar teus olhos de mar e dizer que vejo algo muito além da vida dentro deles, e, logo então, não podes corar as bochechas e me falar, baixinho, aquele “Eu te amo” bem sincero e que me sustentava mais do que qualquer outra afirmação.
Eu enxergava a gente se refletindo um no outro num acordo verdadeiro e aquilo afetava até meu jeito de falar com as pessoas, principalmente quando falava sorrindo. Se eu te disse naquela quarta-feira – o dia em que me dissesses que precisavas ir embora, ah, o pior dia do mundo – que se você me deixasse eu precisaria sempre recorrer ao passado para qualquer manifestação de alívio ou felicidade conseguir viver no agora, bonita, hoje eu sei o quão certo estava nas palavras que disse. Eu via a gente construindo um quebra cabeças perfeito e as últimas peças estavam quase encaixadas. Mas, aí, algo indesejável aconteceu e as peças que faltavam sumiram, assim, sem pedir permissão. Eu tenho que dizer, também, que não acredito de forma alguma que nossa história de amor vá terminar: o nosso acordo verdadeiro ainda está intacto. E o que sinto por você também.
Sabe o quanto indelicado sou nessas situações. Odeio despedidas, bonita, eu te falei na primeira vez em que te vi, quando tinha apenas meus nove anos e bola de futebol carregando na preocupação. Lembra? Lembra que duvidei que pudesse me vencer no jogo? Eu lembro claramente do quão estúpido fui, pois, uma semana depois, me mostrou que uma garota – uma garota como você! – pode fazer qualquer coisa...Principalmente o que dizem que ela não pode.
Desde o primeiro momento eu me senti impressionado demais por você. Por vários motivos: era aventureira demais, sonhadora demais, inteligente demais, atrapalhada demais, carente demais... Linda demais. E quando me declarei para você, há dois anos atrás, na formatura do Carl, eu percebi que meus pensamentos tortuosos de que é só você quem me traz felicidade embrulhada num pacote colorido (do jeito que tanto gostas) são mais do que reais. E a partir daí, o meu mundo fez mais sentido do que nunca. Eu sabia porque andava para frente e já não me importava mais com o que viria. Até que ele veio. Veio e te levou. Levou para longe de mim, bonita. Por que o tempo é assim? Por que não podemos voltar a ser adolescentes bobos e apaixonados fugindo dos pais para dormir, abraçados, sobre a grama e sob a luz da Lua? A Lua. Depois que você se foi, ela só se esconde de mim. Se conversa, é só pra dizer “você deixou ela ir embora, o que está fazendo aí parado?”. Ela não entende. Não entende que a minha única felicidade está a milhas e milhas longe de mim e, por mais que eu estique os braços, não consigo alcançá-la para bem perto de mim... Que é o lugar que deveria estar. Exatamente aqui.

Cuide-se, por favor. Cuide-se do jeito que eu gostava tanto de cuidar de você.

James."


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Carta Resposta à Mariella, personagem de minha chará. Continuaremos sempre esse confuso e emocionante romance juntas, através de cartas. O link da carta que James recebeu de Mariella está bem aqui: http://thoughtsandacupofcoffe.blogspot.com/2009/10/carta-i.html

quinta-feira, 2 de abril de 2009

The wrong way.

Muitas vezes algumas pessoas (inclusive as mais experientes) me advertiram sobre minha maturidade, velhice precoce, sobre a culpa desnecessária que carrego nas costas, sobre a preocupação que tenho com quem me cerca e elas estavam completamente certas, eu sei bem disso. Sem mais rodeios, eu sou sim muito paranóica, muito protetora e isso atrapalha muito minha vida. Atrapalha bastante porque enquanto eu protejo, ensino, minha maior vontade é de ser devidamente amparada, de que me tratem exatamente como trato a maioria das pessoas. E a maior contradição é que eu sou justamente a caçula, a que além de gostar desse tipo de tratamento devia fazer tudo e qualquer coisa para recebê-lo. É engraçado como às vezes finjo um pensamento tortuoso, só para ser um bocadinho mais menina, só para ter alguns preocupados em me mostrar o caminho sensato. Às vezes tenho vontade de assumir o que deveria ser meu verdadeiro papel.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

E foi quando ela abandonou o café, banhada no tipo de chuva que não molhava nada além que sua alma, sabia que sua inconstância assustava, não só aquele garoto homem aparentemente humano, mas a si própria, vinda de qualquer cauda de cometa alguns anos-luz atrás. O café permanecia em seu estômago maltratado pela gastrite nervosa e seu destino dormia preso a um porto desconhecido, onde em breve ele iria chegar. Ela sabia que o seu poder era completamente limitado, que seu espelho havia sido quebrado em quatorze partes, todas desiguais, e que suas palavras eram mais abrangentes do que o alcance de seus olhos cansados. Ela conseguia ver pouco e seu coração via coisas sem traduções cabíveis, que vez ou outra dava tapas na cara da razão. Ele sabia disso. Caso não soubesse, teria agarrado-se a ela. Mas a chuva caía e a luz de interior dele era fraca. Sua alma estava molhada e em paz. Nesses dias, andar sozinha pelas calçadas do asfalto é muito mais seguro que tentar desvendar mares e explorar espaços siderais.

Cruel Love - Luke Pickett

sábado, 28 de março de 2009


Porque eu choro riso,
E sorrio cor.

So much for my happy ending.

Senta aí, presta atenção, agora vou lhe contar uma história. Uma história daquelas em que o final não é feliz. Não quer escutar? Não? E se o final fosse feliz para sempre, repleto de árvores floridas cobrindo os corpos de dois amantes? Mas eu não sei contar histórias alheias do que aconteceu comigo.
Como é? É melhor eu ficar quieta? Sim, eu sei. O mundo está coberto de infelicidades. Os contos com finais felizes são válvulas de escape. Mas, esperas um pouco... Queria tanto contar uma história! Ela é bonita, vai por mim! Certamente uma lágrima emocionada cairá em seu rosto. Não? Não queres chorar? Mas chorar não é somente ruim. Às vezes uma lágrima liberta uma estrondosa emoção aprisionada. Outras vezes faz com que o universo inteiro consiga uma nova alma colorida. Mas eu entendi, tu não queres chorar. Tudo bem, então não chores. Vou tentar ser mais agradável em minhas emoções. Não colocarei na história aquele revestimento de sangue, rancor e dor para não te provocar as lágrimas. Como? Mas então a história não ficaria sem graça? Provavelmente! Tu queres o final dos contos de fadas, cavalos brancos e princesas! Meu bem, eu não sei fugir da realidade dessa maneira. As fadas e seus contos nunca existiram. Não me chames de insensível. Tu não sabes o quão sensível eu sou, só não sei mentir. Não mais. Tu achas que não acredito na felicidade? Sim, vou te dizer uma coisa: se acreditasse na felicidade, teria que duvidar de minha própria vida. E estou viva. Não consegues me ver?