sábado, 24 de outubro de 2009

Lembranças da Meia Noite.

Hoje eu estava recordando de algumas das muitas noites escuras e solitárias que passei há algum tempo atrás. Lembro-me que era uma quarta-feira, uma fria e nublada quarta-feira.
A insônia, sabendo a quantidade de poder que tem sobre mim, resolveu me dar descanso. Quem me acordou foram os arrepios. O frio cortava a minha pele de madrugada, fazendo-me levantar e rapidamente correr ao guarda roupas, à procura de algum cobertor – antialérgico, do jeito que gostas. Ao voltar cambaleando e sonolenta para cama, recebi o aquecimento que precisava – o físico, não o interior.
Alguns instantes depois, já havia sido embalada num sono profundo, deitada e presa, de forma carinhosa, nos braços de uma pessoa que era toda revestida em sonho. O local onde estávamos parecia ser um grande campo de flores grandes e cores vivas, que deixavam um cheiro doce e forte no ar.
Deitar nos braços de sonho me deixava completamente nostálgica. Porque, observando bem, eu estava sendo embalada num colo de mentira, fictício. Não poderia sentir o calor que sustenta corpo e corpo, não conseguia aconchego de verdade.
Durante muitas e muitas noites, me perguntava o porquê de me sentir tão sozinha. De ser tão sozinha. Desejava algo que fosse mais forte do que tudo o que me fazia mal e me tirava o sono, algo que fosse capaz de me deleitar de tal forma que espantasse tudo e qualquer coisa que me assombrasse. A parte corajosa de mim vivia à luz do dia...À noite, se escondia e me deixava ali, sozinha, medrosa. Eu não conseguia encontrar alguma saída.
Foi aí que vieste. Vieste feito susto e com toda uma onda de desconhecido na bagagem, e, ao me apresentar, descobri que todo aquele sofrimento não era tão em vão. Eu sofria, de fato. Mas todo esse sofrimento foi esvaindo-se quando cada palavra tua tocava meu ouvido com delicadeza e sutileza. Aos poucos, eu já me sentia nova de novo. Já não mais sentia medo, e, se tivesse que sonhar com campos floridos e braços em minha volta, esses seriam seus e de mais ninguém. Mesmo em sonho, sabia que seriam os mais reais se desejássemos e acreditássemos nesse amor que acabara de surgir. E acreditamos. E então, quando eu percebi, estavas a me abraçar. Tão forte, tão quente...Um escudo de tudo aquilo que desejasse se aproximar e tirar a felicidade que escorregava meu corpo, fazendo cócegas...E iluminava minha alma, me fazendo respirar sem doer um tantinho se quer...Pela primeira vez.

Um comentário:

  1. Eu adorei esse texto, meu deus, senti o frio, os arrepios e o medo. O medo que o amor tráz. Lindo, perfeito.

    ResponderExcluir